O gosto da leitura

Sempre gostei muito de ler. Mais nova, sem posses monetárias, ia para a biblioteca da escola secundária ler o que conseguia. Havia romances, policiais, fantasias, etc etc, não eram apenas os livros escolares, e eu aproveitava para ler lá.

Quando saí da universidade em 2012 e arranjei o meu primeiro trabalho em 2013 comecei a comprar os meus próprios livros 5/6 por ano. Sei que não foi logo imediato, talvez me tenha dedicado assim mais à compra por 2016/2017 em diante. 

Hoje tenho na minha estante da sala 62 livros. A custo. Quem gosta de ler sabe como andam os preços dos livros. Mais de mil euros ali expostos.

Alguns oferecidos claro.

(Tirando os livros técnicos da minha área de trabalho, não os tenho na estante de leitura).

Mas neste 62 faltam-me juntar mais 5. E onde é que eles estão?

Emprestei-os em 2018 a uma amiga que está emigrada na Suíça. Pedia imenso num grupo de amigas que temos no Messenger, para poder levar e ocupar o tempo dela, que muitos dias passava sozinha... Como mais ninguém respondeu, eu decidi pegar em 5 que já tinha lido e fui ter com ela à esplanada do bar aqui da vila e levei-lhos. Ficou toda contente. Disse que traria na visita seguinte, não todos, mas os que já tivesse lido pelo menos. Era verão, viria no Natal.

A 30 de agosto de 2023, enviei uma mensagem, também pelo Messenger mas privada, e perguntei se já os tinha lido (pois, passaram 5 anos!), que andava (e sim, andava mesmo) a arrumar a minha estante e queria contar de os guardar também... e resposta? Se alguém a teve eu não... E pior, que era habito de vez em quando nos falarmos por lá. Sabíamos assim as novidades uma da outra. Nunca respondeu nem me disse mais nada. 

Por 5 livros. 

Fico surpresa como podem agir assim, nem tanto pelos livro (mas também), mas pela forma como sinceramente tratam as amizades e as pessoas.

Fiquei triste claro. Contei ao namorado e o que ele me respondeu foi:

Riam-se como eu

"Olha amor, deixa lá... Se calhar até já os vendeu

e pensa, pelo menos não iam lá os 500€, imagina se fossem"

Contextualizando, pois, o mais provável é até isso mesmo, que me os tenha vendido ou estragado, ou sei lá, comeu-os! Os 500€, já falei deles aqui, são uma nota de 500 única, que considero como herança do meu pai, pois foi da venda de um pinhal dele, e estavam guardados dentro de um daqueles livros, que eu levei sem ver e ao pé dela desfolhei mesmo à toa e vi a nota e lembrei-me de a tirar... Ri-me porque se saiu naturalmente com isto, sim, se agiu assim com 5 livros de papel, sabe-se lá como o faria com a nota...

Ainda hoje fico triste com isto, opa, não sei explicar nem consigo. Olho para a estante e sei que tenho em falta 5 pedaçinhos dali e que eram meus. Lembro-me de dois títulos, os outros três não. Posso voltar a comprar? Posso, mas não é o mesmo, além de claro, não me lembrar de três deles.

Nunca mais voltei a emprestar um livro que fosse, a quem quer que seja.

Sovina? Não acho que o seja. Mas fui uma criança sem nada e nunca pedi, nunca pedi que me comprassem livros, nunca, ia ler nas horas livres para a biblioteca, e quando pude comecei a comprar e depois LEVAM-ME assim 5 livros, MEUS! Por minha culpa, e essa eu não carrego mais... Aí não, que não volto a emprestar nada.

No que respeita à pessoa, sei que cá esteve agora no Natal e Ano novo, falou? trouxe os livros? ... Nada.

Só um desabafo...

Um dia aprendo a viver sem eles e esqueço esta história... (ou não.)

Para 2024, tenho na minha lista de desejos de compra:

- Vem à quinta-feira, de Filipa Leal

- Morrer é uma opção de vida, de Hélder Blayer

- Mar me quer, de Mia Couto

- A nossa casa é onde está o coração, de Toni Morrison

- Tudo é rio, de Carla Madeira

Que só posso pensar em comprar depois de Abril, já que de Janeiro a Março os gastos serão zerinhos com o que é preciso mas se torna dispensável.