Ontem estava a passear pela minha rede social Facebook, quando me deparei com uma publicação de "mente empreendedora" em que me identifiquei de todo com a publicação que fizeram,
e coloquei-a aqui em gênero de post. Não escrevi nada mais além do que lá estava, porque para mim já tudo estava dito.
A Cláudia e a Margarida responderam-me :) e eu agradeço o carinho e a paciência por virem passando aqui no meu espaço.
Fiquei a pensar na análise que ambas fizeram. Também concordo. É muitas vezes preciso dinheiro para dar o salto. Motivação e vontade. É verdade.
Mas não foi isso que me fez prender nestas palavras, não é na necessidade de se ser estável financeiramente para mudar, mas no "VAI SEM ACREDITAR MESMO!"
Vou contar-vos, hoje, algo muito pessoal (…) para que talvez seja mais fácil entender a publicação de ontem e outras que já coloquei por aqui.
Trabalhei um ano e meio numa empresa da qual não gostava, e comecei a não gostar ao 3º mês, o que implicaram 15 meses de angustia.
Colegas que a única preocupação era lixar o outro e uma administração que delirava e adora esse comportamento.
Trabalho desonesto.
Esforço nunca reconhecido.
Enxovalhamento e troça publica.
Cusquice entre mulheres de uma coisa inacreditável.
Castigos.
Decidi deixar a empresa 6 meses antes do dia em que sai pela ultima vez pela porta dos funcionários. 6 meses antes.
E porquê esse tempo todo?
Porque coloquei a limpo o que queria na altura, e foi tão simples quanto isto:
- Queres deixar a empresa? sim
- Podes fazê-lo agora? não
- Porquê? preciso de me manter estável e autónoma financeiramente.
Depois meti uma frase na cabeça, depois de me obrigar a ler e pesquisar muito sobre paz social e afins:
EU NÃO VOU ACABAR A MINHA VIDA PROFISSIONAL NESTA EMPRESA.
E foi aí que mudei. A cabeça. Sou jovem. Estava a dar em maluca no ambiente social da empresa, e obriguei-me a compreender que a decisão estava tomada, eu ia sair, demorasse o tempo que demorasse, e esse tempo era apenas o necessário para encontrar outro lugar. Esse tempo foi de 6 meses, não pensei que demorasse meio ano, mas compreendo que talvez tenha sido o tempo necessário para a mudança.
Não foram meses mais fáceis a nível de trabalho, não não foram, mas foram sim a nível psicológico, eu sabia que ia sair e aqueles que me dificultaram o caminho iam ter o seu mais difícil com a minha saída, é a vida em círculos. Não desejei mal a ninguém. Nem desejo.
Saí a uma sexta sem ninguém saber que à segunda já não iria entrar.
Ninguém imagina o alivio que foi aquela primeira inspiração ao sair e fechar pela ultima vez a porta. Aquele som da porta a bater. O peito cheio de ar. Uma alegria desmedida. Os colegas que saiam à mesma hora a proferir coisas como "bom fim de semana", "até segunda" e afins parecidos. Ninguém imagina mesmo.
E isto tudo para dizer que a vida dá voltas, e desde o momento em que fazemos escolhas e o momento em que as aplicamos pode demorar, mas o importante é termos para nós a convicção de que, "não vamos morrer aqui", "não vamos ficar aqui para sempre (em casos de trabalho)", "que não é sempre o fim do mundo todos os dias de manhã".
O importante é estarmos em paz connosco próprias. Sabermos exatamente o que queremos, independentemente do tempo que isso demore a chegar à nossa vida. "VAI SEM ACREDITAR MESMO!". E a cada dia que passa a mudança pode estar mais perto.
Saber ajustar as velas do barco é mais importante do que comprar o barco.
Cheguei a não querer que a hora de dormir chegasse, porque sabia que seguidamente ia chegar a hora de levantar, vestir, comer, conduzir, entrar, sentar, aturar gente burra, fazer a mesma coisa de mil formas diferentes (porque dependia p/ que lado a administração acordasse), almoçar, regressar, aturar colegas idiotas e mais uma vez uma administração limitada em estudos aos berros, sair, conduzir, chegar a casa, lanchar, jantar, dormir… e um ciclo de 18 meses! Não foi fácil. E hoje digo com toda a convicção:
- Não aprendi rigorosamente nada a nível profissional, métodos de trabalhos, nada, zeeero! Mas aprendi muito a nível de relações humanas.
O importante é decidir ir, ir para além daquele edifício. Reformular o currículo e ir em busca. Mesmo que se tenham de esperar 6 meses! 1 ano ou 2. A sorte um dia muda, e enquanto não mudar, à que colocar um sorriso e no meio da estupides dos outros dizer em voz baixa para o nosso interior "eu vou ter melhor no meu caminho".