Eu não guardo rancor, muito menos ódios, mas muitas vezes levanto um leve sorriso, não de troça, mas de um sentimento de leveza que só eu vivencio, quando me falam "de lá".
Falam-me muitas vezes da empresa, dos empregados, patrões, do trabalho. Nunca pergunto nada, apenas me cruzo na fila de supermercado, de multibanco, no estacionamento, e zás!, já em estão a falar de lá.
Chegam ao cúmulo de me perguntar "então, quando é que voltas?" Se eu me sentisse lá bem não me tinha despedido! Às vezes apetece responder torto, mas as pessoas não têm culpa, e até compreendo que só queiram puxar conversa para desabafar um pouco sobre o que é aquele inferno.
Falei do meu
antigo trabalho aqui. Era um pesadelo, entre colegas de trabalho e entidade patronal. Nem sei qual dos dois grupos o pior.
Fiquei a saber que mais uma pessoa se tinha ido embora (não apenas mais uma, porque todos os meses sai e entra gente), mas do meu local de trabalho. Do departamento da empresa onde eu exercia as minhas funções. Já contei 7 pessoas a passar pelo meu lugar e a não terem ficado, uma delas esteve 6 meses. Tudo isto num intervalo de 22 meses. Não é absurdo? Eu sozinha aguentei praticamente o barco ao longo de quase o mesmo tempo, e agora feitas as contas, já lá tiveram 7 cabeças a pensar e nenhuma ficou.
Não voltava nem que me pagassem o quadruplo do que me pagavam na altura.
E solto um leve sorriso porque sei que é bem-feito!
- Bem-feito para a srª que me tentou estender a passadeira até à porta de saída e que se dizia minha "amiga". Amiga? pf, nem colega chegou a estar perto de ser! Na segunda semana de trabalho já eu sabia com o que contar da parte dela. Casada, mãe, mas apaixonada pelo filho do patrão… Não preciso de ir além…
- Bem-feito para os patrões, que tenho a certeza que a organização que eu garantia não está neste momento estabelecida.
- Bem-feito a todos os que acham que não existem alternativas e ainda dizem "ai, nunca percebi porque saíste".
Não, nunca perceberam. Perceber talvez não, porque raciocinar doí, mas todos sabem. E saber e perceber não são a mesma coisa.
Só tenho pena de na altura não ter a estabilidade financeira que tenho agora, porque de certo não tinha aguentado metade do que aguentei. Mas correria o risco de hoje não estar onde estou e como estou. Então obrigada!
E volto a sorrir com cara de muito gozo. 7!