Sob qualquer outra imagem, esta teria de ser a primeira.
Define-me enquanto pessoa e enquanto profissional.
No 12.º ano, todo o adolescente sabe o que quer seguir. Eu não, eu não sabia. Tinha gosto por praticamente todas as áreas, e apenas uma certeza, adorava matemática. Uma frase muito minha "Eu gosto de matemática, mas não sei matemática" (se fizerem uso desta frase, citem-me como fonte e autora 😉). Mas sabia, sei que também sabia.
Nos testes psicológicos que se faziam na altura, de caracter obrigatório, no gabinete minúsculo da psicóloga da escola, o meu resultado foi simples , "tens aptidão natural para a matemática, fraquejando nas línguas", ui que novidade para mim… "a terapia da fala está a ter muita saída, e assim continuara durante uns bons anos" o que pressupus que me estava a dar a dica de que tinha tempo de me formar e ainda sair numa boa época de caça ao emprego.
Qual quê!
Matemática.
Escolhi uma área. Depois de muita volta.
Não, não escolhi a matemática em si. Mas escolhi um curso onde ela esteve presente todos os dias, e se perlongou até hoje.
Um curso difícil, ainda não o sabia, mas soube pouco depois de entrar na faculdade. ohh se soube!
Matemática, cálculos, físicas (SOCORRO, o quanto eu odiava física), álgebras e afins deste mundo que é o número.
Não foi fácil adaptar-me.
17 anos no B.I.
Saí sozinha da minha localidade para uma cidade que não conhecia.
Sem nenhum amigo a ir estudar na mesma escola.
Viver sozinha pela primeira vez.
Um clima bem diferente do da minha zona.
Uiii, que bom é pensar que tudo passou. Que tudo se adaptou. Conheci pessoas novas, colegas que nunca passaram de apenas isso e amigos de 💚.
Agradeço a mim, sempre que me lembro disto, de não ter desistido. A física continua na minha vida (inevitavelmente!, tal como a matemática, como o português tem de estar na interpretação, e como qualquer outra área que estudei e que achei não ser relevante, mas que um dia acaba por fazer sentido).
Possivelmente, se fosse hoje não conseguiria terminar esta formação.
Foram 3 anos, 3 anos e 2 meses de formação, dedicação e empenho.
É considerada uma área difícil. Não é qualquer jovem hoje em dia que a escolhe.
Quando recebi uma mensagem, rebentei de emoções:
"Saíram. Vai ver ****** :) ".
Eram as notas da ultima cadeira que me faltava.
Subi as escadas principais do edifício escolar e dirigi-me ao átrio (era aí que afixavam as notas), direitinha à vitrine do meu curso. Vi a nota e pensei baixinho para mim "não foi assim tão difícil". E não. Todos os medos acabaram ali. Estava feito. Era hora de me despedir e regressar a casa.
Ainda hoje, quando surge algum trabalho mais difícil, sempre que termino penso "não foi assim tão difícil". Porque sou assim, stresso com tudo, atravesso escolhas difíceis, entro em paranoia, mas depois respiro de alivio quando se termina.
Na primeira noite académica que tive, como boa caloira, fui. Lembro-me e retenho muito para mim e para dar de exemplo a outras pessoas uma conversa com um grupo de estudantes mais velhos:
F- "Esquece, aqui (nome do curso), ou passas ou te divertes" - estudante do 2º ano do meu curso;
T- "Se equilibrares as coisas consegues" - estudante de 2º ano de Marketing; Cruzei-me muitas vez com ele na biblioteca.
Não precisei de optar, os 3 anos chegaram para tudo.
Vivi. Conheci. Formei-me. E tenho saudade do tempo em si. Mas não voltava atras.