À uns anos uma amiga teve um trabalho de licenciatura em que deveria descrever uma diferença dos tempos atuais para os mais antigos.
Frase síntese:
"Nos dias de hoje os filhos têm mais pais, e os pais têm menos filhos"
Todos sabemos, antigamente os casais tinham 4/5/6 filhos sem julgamento e dado como natural;
Hoje em dia um casal tem filhos, separam-se e as crianças ganham dois lares. Duas famílias. Dois pais e duas mães?
Hoje, logo cedinho, para começar o dia e a semana tive uma reunião na Câmara do meu município. A técnica com que me fui reunir casou com um sr. que tem um filho de uma antiga relação. Quando se juntaram a criança tinha 2 anos. Hoje tem 9.
Fez todas as queixas possíveis e imaginarias sobre "a outra", mas o que mais me tocou foram as seguintes citações:
- Tu a mim não me és absolutamente nada (dito por ela ao miúdo para o repreender por se portar mal em casa dela e do pai dele)
- Vê se educas O TEU FILHO (dito ao marido)
- Quem tem de te levar as tuas atividades são os teus pais, não sou tua mãe, comigo não vais (dito ao menino)
- Só queria ter direito a mais momentos da MINHA FAMILIA, sem que ele (marido) tivesse de chamar sempre o OUTRO (filho da antiga relação).
Isto foi o que me ficou no coração, fora tudo o resto. Doeu-me. Independentemente das crises deste casal com a ex dizer "tu a mim não me és absolutamente nada" a um menino de 9 anos é redutor, é triste, é desmotivador.
Entretanto a técnica teve um filho com esse Sr. e daí dizer que queria momentos só deles três, sem o "outro". Eu consigo até compreender, mas...
PENSAM!!! Pensam quando se juntam que a criança já existia?
Quando refazem a vida com homens e mulheres que já tem descendência tomam a noção que a relação os inclui??
Eu ouvi coisas que... fiquei a pensar: As pessoas são más, olham para si, não refletem que são eles os adultos e com a capacidade de gerir as emoções, que são responsáveis pela educação e crenças daquela criança. Eles 3, todos, mãe, pai e MADRASTA, sim!!! ela é responsável também.
Fiquei doente, e profundamente triste.
Pobre criança. Pobre menino. Onde estás a crescer e como.
😔
que triste... Quem assim é deveria pensar que um dia "alguém" pode tratar assim um filho Seu!!
ResponderEliminarNão consigo conceber uma atitude assim! Como jamais deixaria que um homem/mulher ficasse na minha vida( e da minha filha) com esta atitude... :-(
Doeu-me mesmo, e pensei também por esse lado, no meu próprio filho. Não sabemos o dia de amanhã, e detestaria que ele tivesse de ouvir palavras deste género.
EliminarFui dando a minha opinião, completamente contrária à dela, mas realmente tem ali uma posição muito vincada já... Já será sempre assim :(
Beijinho
Eu como divorciada com uma filha posso dizer que felizmente encontrei precisamente o oposto, refiz a minha família com uma pessoa que não tinha filhos, mas que sempre tratou a minha como se fosse sua, ao ponto de que quem não soubesse jamais imaginaria que não era a própria filha, mais tarde tivemos um filho em comum e nunca senti que passasse a tratar a minha filha de forma diferente, arrisco a dizer que tem uma relação mais fácil e de mais companheirismo do que eu e ela, mas tenho noção que tive muita sorte mesmo.
EliminarAí Teresa, que testemunho bom!
EliminarObrigada por esta partilha, hoje fiquei destroçada com esta situação... Até porque conheço muito bem o menino e com todos os relatos da madrasta consegui perceber algumas atitudes que tem.
Dói.
Obrigada por partilhar o lado bom, beijinho
Por ser mais os casos ao contrário quis dar o meu testemunho que é diferente e hoje com a minha filha com mais de 20 anos e com uma relação muito boa com o padrasto, que na realidade tem sido mais pai dela que o próprio pai nunca foi.
EliminarProva que muita vez ser pai ou mãe é mais que o ser biologicamente e sim criar e conviver e que ainda há corações dispostos a amar mesmo nestas condições.
Fico muito triste quando vejo estas situações, porque um filho deve estar sempre em primeiro lugar e caso não tivesse encontrado uma pessoa assim preferia ficar sozinha, mas cada qual sabe de si.
No meu caso não foi por divórcio. A minha mãe faleceu quando eu tinha 8 anos. Quando tinha 9 o meu pai refez a sua vida e eu obviamente fui com ele. A madrasta tinha uma filha 5 anos mais velha que eu. Nunca fizeram questão de me fazer sentir integrada em nada. Aquela não era a minha casa, não eram as minhas coisas, tinha de pedir autorização para comer algo fora do "básico ", tipo uma bolacha. A diferença é que não ia lá só às vezes. Vivia lá permanentemente. E foram os piores anos da minha vida, nem gosto de pensar no que lá passei. Aos 12 anos fui despachada para casa dos meus avós e aos 15 vivia sozinha na casa que era da minha família, vulgo pai e mãe. Hoje sou mãe de 2 filhos e não consigo perceber como o meu pai alguma vez permitiu que eu fosse tratada como fui 3 como optou por me despachar para evitar problemas com a companheira. Hoje está a morrer e sou eu que o levo a todas as consultas e tratamentos, apesar de no meu interior aainda não ter conseguido perdoar tudo. Mas precisei de muitos qnos de terapia para conseguir chegar a este ponto. É mesmo muito triste. Desculpe o desabafo.
ResponderEliminar"A diferença é que não ia lá só às vezes. Vivia lá permanentemente. "
Eliminar:( aí anónimo, que no me deu :(
Fico tão triste com estes testemunhos.
Não tem de pedir desculpa sobre nada, sinta-se abraçada e acolhida.
Que a vida, agora com os seus dois filhos seja feliz ❤️ você merece
Um beijinho
Obrigada pelas palavras. Foi exactamente a pensar neles que resolvi, durante a minha primeira gravidez, pedir ajuda para resolver estes meus "traumas". Porque apesar de nessa altura ainda não ter feito muitas das associações que faço hoje em dia, com a terapia consegui entender que muitas das minhas atitudes e problemas actuais, nomeadamente no que toca a ansiedade severa, advêm desses tempos. O sentimento de "abandono" que vivenciei durante esses anos, sendo tão pequenas, marcaram-me de uma forma que provavelmente nunca irei conseguir reverter. Dou, no entanto, todos os dias, o meu melhor para que esses meus traumas não transpareçam para os meus filhos, que de nada têm em culpa. E estou em processo interior de tentar perdoar o meu pai, sei que não lhe resta muito tempo de vida, e gostava mesmo muito de conseguir dizer que o perdoei completamente por tudo. Ainda não estou nesse ponto, apesar de neste momento fazer tudo por ele, a minha vida é gerida em função das consultas e tratamentos dele. Muita gente que conhece a minha história diria que provavelmente não faria o mesmo que eu faço, mas tento dar o meu melhor todos os dias, não o fazendo sentir culpado por nada. É um processo que me acompanhará provavelmente até ao fim dos meus dias. Portanto, testemunhos como o que me partilhou tocam-me bastante, porque sei na pele o que custa, na altura, e as marcas que deixa em nós, mesmo sendo adultos e muitas vezes nem tendo essa percepção...
EliminarNão tem de o fazer, não tem de chegar ao ponto de não o culpar completamente e "zerar" essa dor, ele teve culpa sim, ele permitiu que vivesse isso, de certo ele via isso acontecer e consentiu em prol de não ter problemas conjugais com a nova relação.
EliminarCompreendo perfeitamente o sentimento de dar isso por resolvido e ser melhor que todos eles, compreendo verdadeiramente, mas a sua parte de ajudar o seu pai neste momento de vida e de fim já é o seu bastante. Perdoar e esquecer a dor que teve é outra coisa.
Fico profundamente triste e doente com este tipo de situação, fico mesmo, marca-me mesmo não sendo histórias minhas.
Um filho é a melhor coisa deste mundo e dos próximos. Imagino só a sua dor, a sua vivência, perder a mãe tão novinha e ter de enfrentar tudo isso.
Com certeza o seu coração será de esperança e amor sem fim.
Seja feliz com a família que construiu, que veio de si, merece e eles merecem também.
Um beijinho
Obrigada mais uma vez. A parte de perdoar seria mais para mim do que para ele. Não queria viver a carregar este "peso" para sempre. Mas enfim, veremos, vamos andando um dia de cada vez, e tentando aproximar a felicidade em cada pequeno momento, apesar de todos os problemas...
EliminarQue situação complicada.
ResponderEliminarAcho que as pessoas já sabem para o que vão. O assunto filhos não pode ser segredo até irem viver juntos e logo daí, ou acha que tem estômago para isso, ou não e retira-se.
Eu não sei se teria, mas lá está, nunca na vida trataria mal quem quer que fosse.
Beijocas
Cláudia - eutambemtenhoumblog
Não consigo conceber este tipo de dinâmica familiar. Eu tenho um filho de 15 anos, estou com o meu marido há 12 e juntos temos uma filha de 5. Ele sempre tratou o meu filho como dele. E eu jamais seria capaz de manter na minha vida um homem que não fosse capaz de fazer o meu filho sentir-se parte da nossa família. Porque ele já era a minha família primeiro. E será sempre!
ResponderEliminarTal e qual como eu penso Cynthia, jamais permitia uma situação destas, fosse do meu lado fosse do lado do pai dele. Enfim, custa muito conhecer estas "realidades"...
EliminarBeijinho