terça-feira, 29 de abril de 2025

Apagão

Inevitável, este todos sentimos e não há ninguém que possa dizer que não deu conta dele.

Venho, como em todos os assuntos dar apenas a minha opinião, e só vai ficar aqui escrita para um dia que me apeteça andar para trás na vida e me "vir ler" me relembrar desta situação.

O meu primeiro pensamento foi de "ok faltou a luz", nós no escritório temos baterias de reserva que consoante o que esteja ligado aguentam x tempo. Aguentaram no caso meia hora,  às 12h fiquei sem computador.

Não liguei muito. Na nossa zona até é normal por vezes falhar a rede.

Fui ao instagram, e já eram só histórias de que Portugal estava sem energia em lado nenhum. Como não sou muito de alarmismos fui sim pesquisar no google e percebi que era "geral" em vários países da Europa, uns mais afetados que outros.

Fui almoçar ao 12h:30 e comecei a ouvir carros a buzinar, fui à sacada e o posto de combustível que tenho mesmo de frente tinha 3 filas de 6/7 carros cada. Sei que aquela hora, 1h depois do ocorrido, ninguém sabia muito bem o que estava acontecer, mas??????? filas de carro para combustível? Pessoas com negócios/empresas compreendo porque para geradores é necessário, mas eram pessoas comuns como eu....

E foi assim o dia todo, carros e carros.

Stocks de água e papel higiênico esgotado às 14h? Água compreendo, se a falha na rede elétrica durasse 3 dias ou mais o abastecimento na rede de água ia ficar comprometido também, mas papel higiénico? Já na pandemia de 2020 não percebi esta necessidade de papel. Eu se tivesse uma emergência era das últimas coisas que me ia lembrar, pois tenho uma banheira e um bidê cada um de um lado da sanita. Papel era do que menos precisaria. Enfim...

O que mais me ocorria eram os hospitais e as comidas em frigorifico/arca das pessoas.

O hospital de castelo branco (o meu distrito) foi o primeiro a entrar em plano de emergência... porque é que será (?)... um hospital com intervenção nas infraestruturas de milhões ainda à pouco tempo e sem capacidade nenhuma. Era bom o ministério da saúde se sentar e ver BEM o que foi afetado neste APENAS 1 DIA de emergência elétrica e resolver.


Sobre o que pode ou não ter sido: Se foi uma ataque cibernético da Russia, da China dos EUA, nunca vai ser confirmado. Nunca. Nenhum país afetado mesmo que o descubra não o vai divulgar a comuns mortais como nós. E por um lado ainda bem, porque senão é que era o descalabro desta gente toda.

O que se passou foi grave, e vi tanta asneira na internet (enquanto tive rede) que juro que não sei onde esta comunidade vai parar, pessoas mais velhas a fazer vídeos a gozar, a brincar, a ironizar. Nasci na época dos sem noção. Não entrei em alarme mas obviamente fiquei preocupada, principalmente pela saúde e a garantia dela de quem estava hospitalizado e pelos milhões que as industrias perderam no total com um dia parados.

Conseguíamos garantir alimentação em casa porque temos fogão a gás, mas só e apenas, banhos por exemplo não. Mas aquecemos água e tomamos banho numa bacia. Sobre a alimentação e não tendo noção de quanto tempo ia durar a falha na rede falei com o namorado para mantermos o estore da cozinha fechado para o frigorifico apanhar o menos possível a temperatura exterior (que estava sol e quente) e para abrirmos o mínimo possível, quer a porta do frigorifico mesmo quer a do congelador. Tínhamos velas, por isso tivemos "luz" até deitar, e fomos todos juntos para a cama ler livros ao bebé eram 21:20min... Nem tudo foi mau, dormimos mais cedo e pelas 23h:30 acordei com o exaustor da cozinha, é inevitável carregarmos nos botões sem sequer nos apercebermos de tão automática que é a vida. Por isso devemos ter tido rede novamente por essa hora +/-. Valeu-nos o fim de dia mais calmo porque o bebe não é viciado nem em telemóvel nem em tv, andava meio confuso a carregar nos interruptores e a perguntar porque estava escuro, tentámos ser o mais claros possíveis e fomos até a varanda mostrar que as outras casinhas também não tinham... Passou. 12h depois todos tínhamos rede.

Agora percebo o porquê da lanterna no kit de emergência anunciado à 1 mês atrás. Lembro-me que foi uma das perguntas que fiz na altura:

"Uma lanterna para quê?

Latas de atum e feijão para quê? temos comida em casa para mais de 3 dias até"

Foi das coisas que mais disse na altura a quem conversava comigo. Pois é... lanterna não tenho e ontem tinha dado jeito. Comida temos muita mas se não tivéssemos gás nada feito... e sem eletricidade numa semana o congelador ia a vida e estragava, ou até antes...


Foi "apenas" a rede elétrica que falhou, mas parou:

Transportes aéreos e terrestres

Semáforos e controle de transito

Industrias de transformação

Escolas ????? (estas não consigo perceber! Há luz natural, é subir os estores e os professores sabem a matéria não? Ou precisam lá dos projetores com power points? Há inclusive escolas fechadas à terça???? porquê??? Já há rede. Tudo é um drama ou desculpa.)

Hospitais com consultas canceladas e só a manter os internamentos


Se por ventura isto foi um teste ou tentativa de perceber como atuaria a Europa numa emergência quem quer que o tenha feito já viu o plano de atuação e também já viu os elos mais fracos e que foram logo afetados. Como todos nós vimos.


Do que mais me irritou: a oposição ao governo, TODOS, a fazer pressão para o governo falar e dar justificações nem 1h depois, quando nem eles ainda tinham tido tempo de perceber sequer o que se passava e qual a dimensão ou gravidade, nunca gostei de ver pessoas a falar por falar, por isso virem dar esclarecimentos sem saber nada em concreto não fazia sentido nenhuma, mas esta oposição mete NOJO e só lhes interessa o drama, o caos e só falta dizer que foi o Montenegro que lá foi desligar os cabos, para ver se ganham as novas eleições. Pessoas a dizer que era o colapso dos bancos e íamos ficar sem dinheiro e contas a zero(???). A ação exacerbada de algumas pessoas nos consumos.


Do que nos afetaria, em nossa casa, se fosse mais prolongada esta falha: Honestamente, a nível pessoal o que mais pensei foi "não tenho muito dinheiro físico para compras se forem precisas"; "O comer congelado pode estragar". Pessoalmente estas foram as minhas preocupações. 

O que mais me custou: Perder a rede por volta das 18h nos dois telemóveis. Vodafone e meo. E não conseguir falar com mais ninguém da família. Mas sabia que estava tudo bem.

O que mais me sensibilizou: Quando me fui sentar no peitoril da janela, depois de jantar, e o meu filho pediu para se sentar também, é a 40 cm do chão então tive de o pegar. Estava eu a falar com Jesus em voz alta "ajuda Jesus, os senhores da rede para que os hospitais e as casinhas das pessoas todas possam trabalhar para o bem das pessoas", porque realmente as últimas noticias que tinha ainda conseguido ver antes das 18h eram as emergências hospitalares e as restrições impostas, então mesmo sem entrar em pânico o meu pensamento mais negativo estava nos hospitais, e o bebé ao ouvir-me disse "ajuda Jesus"... eu estava a falar, a divagar pela minha angustia pessoal que estava toda nos hospitais porque sei bem o que se lá passa dentro e ele dizer aquilo de certa forma confortou-me... e foi o que lhe disse logo depois para ele se sentir incluído "obrigada filho, às crianças Jesus sempre ouve" e não disse sequer mais nada, nem em voz alta nem em silêncio. Estava tudo dito.

Fomos preparar-nos para dormir.


Espero que estejam todos bem 💛

14 comentários:

  1. Por aqui, ÉVora, estamos bem. É bonito de se ver essa ligação com o vosso filho e a preocupação de o incluir em pequenas coisas as cabeças deles são mesmo curiosas e uma coisa assim suscita dúvidas que eles não conseguem expressar muitas vezes. Parabéns. Sobre o sucedido ninguém me convence de que foi uma avaria, ninguém mesmo. Foi grave e vai repetir-se, eles já sabiam, por isso os alarmes de kits de emergência anunciados ainda a poucas semanas

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    1. Obrigada :)
      E ainda bem que está tudo bem.
      Évora :) Um sitio que gostava muito de conhecer, nunca fui por incrível que pareça, que bom saber que sou lida por aí :)

      Sobre o apagão, também tenho uma opinião mais pessoal, e acredito que tenha sido um pequeno teste ao que aí vem.

      Beijinho

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  2. Olha, eu também tenho um texto feito e acho que foi uma pequena amostra que as pessoas, se acaso acontecesse algo a sério (muitos mais dias), não sobreviveriam....
    Foi ridículo metade das situações que vi e ouvi!
    Instalou-se o caos e o pânico e não achei que fosse necessário tanto...

    Beijocas

    Cláudia - eutambemtenhoumblog

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    1. Tal e qual Cláudia, é um exagero a forma como lidam com as coisas, mas sempre, já vimos isto em várias situações, será que nunca se aprende nada? Sério, tanta coisa ridícula que se viu, hoje devem estar contentes...

      Beijinho

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  3. Olá.
    Eu estava no ginásio à hora que falhou a luz. Sinceramente pensei que fosse apenas local, mas assim que entrei no carro comecei a ouvir as notícias a dizer que era no país inteiro e também noutros. Por momentos, eu, que sou ansiosíssima por natureza e que ainda por cima tive de suspender o meu comprimido ansiolítico (uma dose baixíssima, que não pensei que fizesse tanta diferença, mas que fui obrigada a parar há 1 mês e que agora percebo a diferença que faz), entrei meio que em pânico. Só pensava em chegar a casa. Juro. A minha filha estava na escola, e como tenho a mãe de uma amiga dela que é funcionária lá, soube que estavam bem e que já tinham almoço assegurado para os meninos. Cheguei a casa e nem conseguia entrar. Só tenho um portão de entrada em casa, e é eléctrico. Para mudar para o modo manual teria de trepar pelo portão e vir fazer essa mudança por dentro. Se eu estivesse sozinha por cá, como tantas vezes acontece, dado que o meu marido está sempre fora pelo menos uns 3-4 dias por mês, não sei como faria. Felizmente ele estava em casa e com uma buzinadela veio abrir-me o portão. Depois o almoço. Tinha comida feita mas não tinha como a aquecer. Quando vim para esta casa, ao ver que era tudo eléctrico, fiz questão de comprar um fogão de 2 bicos a gás, toda a gente me chamou maluca. Infelizmente tive o cuidado de comprar o fogão mas nunca tratámos do tubo e do redutor e respectivo gás. O sr do gás veio cá a casa trouxe-nos o gás e o redutor, e o meu marido conseguiu ir comprar o tubo. À noite já tínhamos jantar, assegurado, iríamos também acender o lume e fazer um churrasco. Banhos temos porque temos painel solar para aquecimento de água e esquentador a gás para dias mais nublados. Por aqui a electricidade regressou pelas 18:15, ao jantar já estava tudo normalizado. Rádio a pilhas comprei assim que começou a guerra na Ucrânia, e fez-nos companhia ontem. Lanternas e velas não faltam cá por casa, felizmente não precisamos de as usar.
    Honestamente nem quero pensar muito nas possíveis causas deste apagão, mas honestamente não, não estamos minimamente preparados para uma emergência/tragédia, seja de que origem for. Felizmente tenho sempre stock de comida e bens essenciais cá em casa, dinheiro também tenho sempre algum - ontem ainda pensámos em ir comprar um gerador, mas não tínhamos como comprar combustível para ele.
    Tudo isto fez-me a mim e ao meu marido fazer uma lista de necessidades que precisamos cá em casa, para uma eventualidade. Um pequeno gerador é um deles, temos muita comida na arca congeladora, mas lá está, se a luz falhar, estraga-se tudo num instante. Pelo menos isso queremos assegurar, com o gerador, o resto vai-se gerindo. Mas se conseguirmos manter a arca e o frigorífico, conseguimos aguentar-nos uns tempos sem correrias às compras e isso tranquiliza-me. Também tenho sempre ração para cerca de 1 mês e areia para os gatos. Pensei logo nisso quando vi que o problema poderia durar.
    Mas o ser humano realmente não tem o mínimo bom senso, com a corrida desenfreada às compras e aos combustíveis, ridículo.

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  4. (não me deixou concluir, dizia que o comentário é demasiado longo):
    Com as escolas, eu até consigo compreender a desculpa que ontem ouvi na rádio, um dos presidentes de câmara estava a dizer que optou por informar logo àquela hora, pelas 17h, que as escolas iriam estar fechadas, para os pais se poderem organizar e conseguir ficar com os meninos. Bem sei como é o caos quando são as greves por exemplo, em que só no próprio dia é que os pais têm de arranjar forma ou local para deixar os meninos. Assim, na incerteza se haveria luz ou não, optaram por fechar logo. Acho mesmo que o maior problema são os almoços, as aulas, estando boa luz solar, conseguiriam prosseguir. Mas para os meninos mais velhos é complicado. Sabes que já nem livros/manuais eles têm? É tudo no computador, o meu afilhado tem 15 anos e já não tem livros. Acho ridículo e numa situação assim não têm qualquer tipo de suporte para continuar a leccionar. A minha filha anda no segundo ano e foi fazer artes plásticas no período da tarde, e fizeram ginástica também. Lá improvisaram.
    Quanto aos hospitais, ando aflita de um pé e ontem à noite estava com receio de ter de ir a um hospital, tais eram as dores. Se já é caótico normalmente, num dia como ontem nem imagino.
    Enfim, desculpa o testamento, são apenas alguns dos pensamentos que me passam pela mente neste momento.

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    1. Olá Inês,
      Obrigada pela partilha, deu para perceber como outra pessoa viveu a situação e o dia.

      Nós se falhasse também o gás tínhamos de ir a minha mãe, que tem aquelas grelhas/trempes antigas e com lenha cozinhar... Por acaso também me pus a pensar no como eventualmente fugir a determinadas situações que pudessem surgir, mas um gerador no apartamento não me parece viável, então só na maneira antiga com fogo em pau, mas pelo menos tínhamos alternativa. E a minha mãe vive a apenas 9km.

      Os banhos fizemos assim com água fervida+fria para regular, mas também se passássemos um dia sem tomar banho não morria ninguém.

      Não estamos de todo preparados para uma catástrofe, todos, mas claro alguns iluminados pior ainda, o que se viu ontem nos supermercados foi um horror. Lutas por garrafões de água... enfim. Muito constrangedor até.

      Nós também temos comida no congelador, é grande e o que lá tenho hoje ainda dava por exemplo para mais 2 semanas e já fomos às compras no inicio de abril, por isso dá para ter um pouco a precepção, mas sem luz ia-se estragar... realmente há muitas condicionantes que não controlamos.

      Ao que algumas noticias avançam já houve novamente cortes "rápidos" na rede em alguns pontos do país agora às 12:30. Vamos esperar que a brincadeira não tenha passado realmente de uma quebra de potencias altas...... mas os próximos tempos nos dirão.

      Beijinho Inês

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    2. Pois, espero mesmo que tenha sido apenas isso, uma falha momentânea. Eu ontem era a que mais precisava do banho, estava a sair do ginásio e lá sem luz não há água, estava uma senhora no banho com máscara no cabelo e foi ela quem primeiramente disse que não havia água, até fui eu informar o gerente do ginásio e ele disse que nem se lembrava desse pormenor, que sem electricidade ficam automaticamente sem água, nem sei como a senhora se desenrascou para tirar a máscara do cabelo. Eu se não tivesse água em casa fazia como tu, e também não havia de ficar a cheirar mal, tudo se resolve.
      Quanto à comida, sem dúvida, o dar para acender a fogueira e cozinhar é óptimo, mas para quem vive em apartamentos é quase impossível. Tal como dizes sobre o gerador, é impensável ter um num apartamento, mas eu vivo numa moradia, que tem mesmo uma casa das máquinas, onde para além do esquentador, aquecimento central, e do recuperador de calor, central de aspiração central, tem também um antigo reservatório para combustível que o antigo proprietário utilizava para aquecer a água (ele já não usava quando nós lhe comprámos a casa), mas o depósito está lá. Vamos ver se é possível armazenar lá algum combustível, porque também não é seguro ter muita quantidade em casa, eu morro de medo. Mas se foi projectado com esse propósito, pode dar, quem sabe? E também não precisa de estar cheio, mas acho que está melhor ali do que naquelas bilhas pequenas transportáveis e que podem derramar, sei lá.
      O gerador também poderia estar lá e assim já não perdíamos a comida toda. A festa da minha filha vai ser daqui a 1 semana e pouco e eu já fiz e congelei rissóis, panados e bolinhos de bacalhau e só pensava que iria ter de comprar já feito, ou, conhecendo-me como conheço, ir fazer tudo novamente à pressa.
      Enfim, felizmente já passou e esperemos que não se volte a repetir, estamos tão dependentes da electricidade e telecomunicações para tudo que é assustador quando de um momento para o outro ficamos sem isso.

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    3. O problema é que se formos fazer uma pequena pesquisa há muitas noticias que nos fazem pensar... a repsol espanhola já se tinha queixado a semana passada numa falha grave de energia... e depois tudo falha a uma segunda ...onde está o mercado todo a trabalhar.

      Enfim, é como diz a Inês mais vale não nos pormos a pensar muito nas causas.

      Vai ver que vai correr tudo bem, e sim, se eu tivesse essas condições, casa própria e etc, se calhar também seria uma coisa que teria mesmo em consideração adquirir, gerador e reserva de combustível.

      Eu também só pensava em duas coisas, nos hospitais e na comida das pessoas. Ainda bem que se resolveu. (esperemos)

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    4. Sim, ainda bem que pelo menos para já está resolvido. Eu a parte do fogão resolvi, menos um problema. E quanto ao gerador quero ver se resolvo em breve para não cair no esquecimento, porque se assim for só me lembro quando ficar novamente enrascada.
      Eu também pensei logo nos hospitais, já sem limitações electricas funcionam como se sabe, nem imagino assim.
      É muito triste, e pior é pensar que essas infraestruturas não estão minimamente preparadas para situações assim. Eu do pouco que ouvi nas notícias tiveram de ser as câmaras municipais a assegurar combustível para os geradores dos hospitais, bem como nas esquadras de polícia e assim. Essas infraestruturas não são da alçada das câmaras municipais, mas claramente não estão preparadas para situações assim. Nem quero imaginar se houvesse uma catástrofe com uma maior afluência às urgências e cuidados de saúde no geral.

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  5. Olá Teia.
    Hoje, já de cabeça mais fria, permiti-me reflexões mais objetivas sobre isto. Ontem, confesso, senti-me a panicar um bocadinho. Não se sabia as causas, e face às tensões socioeconómicas a nível mundial não me parecia de todo absurda a possibilidade de algum ataque ao fornecimento de energia. Só achava que não podia ser coincidência andarem há bem pouco tempo a recomendar kits de sobrevivência, e, semanas depois, acontecer um apagão destas dimensões. Não fui a correr colocar combustível (por norma ao domingo atesta-se o depósito do meu carro e o meu marido também abastece amiúde o dele). Não fui a correr para o hipermercado açambarcar nada. Mas fui a uma mercearia de aldeia, comprei água engarrafada, atum e leguminosas de conserva. Relembrando que não sabia no momento o que era isto, quanto tempo duraria, e com um filho de 9 anos, só queria garantir alguma comida não perecível e facilmente transportável. Percebi que não posso andar a dizer ''tenho de tratar de preparar o kit''. É preparar de facto, e comecei, portanto, ontem, sem histerismos, sem carrinhos de compras cheios ou sem andar a lutar por uma embalagem de papel higiénico (nunca irei entender esta loucura do papel higiénico, a sério…). Agora irei tratar dos medicamentos (o meu filho é asmático e claro que tenho medicação sempre em casa, mas não preparada num kit juntamente com o restante para podermos evacuar rápido, em necessidade). Garantir também alimentação para os meus animais, de reserva.
    Agora, não sou apologista de romantizar o que aconteceu. Se é preciso um apagão para as pessoas conversarem ao jantar ao invés de estarem de telemóvel na mão, para brincarem com os filhos, falarem com os vizinhos, para caminharem, para lerem, algo de muito errado vai na vida. O que há de bom em querer ligar para os nossos e simplesmente os sistemas de comunicações falharem por 12h? A sensação opressiva de não saber o que está de facto a acontecer? De depender de um rádio para termos acesso a algum comunicado oficial das forças de segurança? (Not to self, comprar um rádio a pilhas asap).
    Gostava de acreditar que foi uma simples avaria, mas não acredito. E culturalmente os portugueses acham sempre que as coisas acontecem ''lá longe'', e que este cantinho à beira mar é o lugar mais calmo, mas estamos tão expostos como qualquer outros.
    Sem alarmismos, mas por favor, também sem arco-íris e o ''vai ficar tudo bem''.

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    1. Bom dia :)
      Obrigada pela partilha, dá para perceber como outras pessoas viveram o dia, e também para aprender a gerir situações que possam ser parecidas à nossa.

      Também não romantizo, e sinceramente até me dá raiva quem o faz, quem precisa de um apagão para ligar ao companheiro/a, e filhos.... desculpem lá mas não sabe ser família.

      Acredito que se a não ter mantimentos básicos as pessoas tenham de ir às compras normalmente repor essas coisas como disse que fez, só me faz confusão quem acha que pode mais que todos, é que até brigas se viram em vídeos a circular. Isso acho anormal. Até comentei com o namorado o que é que as pessoas iam fazer ao comer, porque por ex a carne e o peixe precisam de frio... alguns legumes também aguentam mais no frio... enfim, mas foi o que foi e deu para ver a parte má das pessoas.

      Sobre o kit, também já comecei a pensar nisso mais " a sério". Sobre fósforos, velas, enlatados e até água engarrafada, pelo menos um garrafão de 5L, o leite do bebé... há muita coisa que realmente dá para precaver e sem stresses.

      Sobre as telecomunicações achei o mesmo, custou apesar de saber que toda a família estava bem. Mas as redes de comunicação já vieram dizer que reduzem os serviços ao mínimo para que funcione entre os sistemas de segurança... mas pelos vistos houve falhas nos contactos de emergência, depois é isto que não percebo.

      Beijinho e muito obrigada pela sua visão das coisas

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  6. Oh, Teia, estou na hora de almoço a ler o teu post e fiquei a chorar com as últimas frases, emocionada pelo teu menino e o "ajuda Jesus" como o mundo seria bem melhor se todos fossemos como esse inocente. Beijinhos para vocês e um xi-coração apertadinho.

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    1. E foi mesmo assim, eu estava a falar alto num desabafo com eles por perto, o namorado ainda estava até acabar de jantar. E ele andava ali à nossa volta e eu a falar "ajuda jesus e etc" e ele veio pedir para se sentar ao pé de mim e saiu-se também com o ajuda Jesus. Também eu me emocionei, parece que quis vir para o pé de mim só para dizer aquilo junto à janela. Talvez Jesus nos ouvisse melhor assim, mais perto da rua.

      Sempre lhe pedi, a Deus, para me ajudar a criá-lo para bem, ele é muito carinhoso, espero conseguir encaminha-lo sempre no bem.

      Beijinho e obrigada pelas palavras Marisa

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