quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Desafio Gratidão - " Alguém na minha vida" Dia 1

 Tópico 10.º - Alguém na minha vida.


O meu pai.

No dia que dei sinal à minha mãe que viria para o mundo dos nascidos, 

ele já estava no hospital onde se ouviriam os meus primeiros choros.

A lutar pela vida e bem que lutou, recomendações médicas até à ponta dos cabelos e foi lá que nos conhecemos, os dois a recomeçar.

O cheiro próprio de um pai,

o colo,

o bolso com rebuçados e pastilhas, propositados para as mãos dos filhos.

Uma mania imensa por ter o cabelo sempre penteado.

"Não me soltes pai, não me soltes", e quando dei a primeira curva já ele estava tão longe que não sabia como podia perguntar como se parava a bicicleta.

Um amor ao Sporting por uns olhos castanhos tão cor de mel e tão visíveis em mim, que consigo ser a única filha/o que lhe herdou este traço. Um mel leve, acastanhado claro, de nevoeiro quando algo corre mal.

Um abraço que só dele.

Resiliência.

Paciência.

Optimismo.

TRABALHO.

Nunca lhe poderei agradecer, o lar, a família, a disciplina, o riso, as reclamações, a exigência de padrões de não sermos iguais, a rigidez e a postura.

O cheiro de um pai, sim que um pai tem cheiro,

A pele das mãos, áspera e delicada, forte e presente.

É a pessoa da minha vida, pelas histórias de infância, as dificuldades e o choro que evitava quando as contava; Pela infância quebrada pela besta do trabalho duro; Pela vida adulta dedicada aos filhos, e por todos os caminhos por onde passava e nos relembrava; Pelos dias que se levantava de madrugada para regressar e já todos estarmos a dormir - mas alimentados; Pelas recordações nos aniversários que nos enchiam a alma - fosse o mínimo que fosse; É a pessoa da minha vida. Por nunca ter desistido face a nada, e eu sei que foram muitas as noites a chorar. Noites e dias. Tinha o melhor colo, porque nunca estava quieto, sempre a beliscar e a rir. Sempre a mimar da maneira que sabia. Tinha paciência para o jogo do "porquê" - do nada dizia alguma coisa "ontem esteve mesmo calor." e eu começava a sair-me com os "porquê?" logo percebia e alinhava, ele ia respondendo e eu só questionava "- porquê?", a conversa ia desde a cor do sol, aos sabores das águas do luso... É a pessoa da minha vida. Vai ser sempre.

Vaidoso.

Teimoso.

O som da voz.

A autoridade na educação sem ferir.

--

"Nota-se que ele gosta muito dos filhos"

E nós dele.


Um dia, voltamos a encontrar-nos.

2 comentários:

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