Sobre o meu Sporting
Sou menina nascida numa famÃlia de mesa cheia. De irmã/os mais velhos chata/os e protetores. De mãe trabalhadora e inquieta. Pai jogador de futebol ao domingo, na nossa rua atrás da casa.
Sou a criança do sofá que sofre calada, caladinha até o jogo terminar e só no fim, só, só no fim do ultimo fôlego dado através do apito final, volto a respirar. Nem é de alivio, é respirar mesmo. Parece que tudo deixa de funcionar no corpo e só ouvimos bem baixinho "aguenta coração".
Ao domingo o rádio passava o jogo. Era religioso. Tão certo como o sol nascer todo o santo dia. As coleções infindáveis que fazia e guardo com zelo. Não, eu não guardava as moedinhas do lanche para a independência financeira, oh… Não! Usava-as no jornal, nos brindes e quinquilharias colecionáveis. Às vezes lá chegava de fininho ao pé do meu pai, "olha, olha o que escreveram sobre o nosso Sporting", sempre à espera do ralhete (de não usar o dinheiro em alimentação, como devia), mas o meu pai soltava suavemente, "nós somos os melhores."
Da primeira vez em estádio. Do amor que nasce connosco antes de perceber-mos como se escreve o nome do clube.
Do dia em que o meu irmão 2 anos e meio mais velho disse a alto e bom som que não gostava de futebol porque todos corriam atrás de uma só bola. "Eles são mais de 20 a bola é só uma", e eu já perceber e olhar para o meu e ao mesmo tempo, encolhermos os ombros. Ele não percebia, nós sim e amávamos o nosso clube. E isso só me fez amá-lo, ao meu pai, ainda mais.
Quando ganhávamos eramos felizes, não maltratávamos ninguém, não tentávamos diminuir os nossos adversários, pelo contrario. Eramos felizes, apenas.
Quando perdÃamos, ouvÃamos tudo e mais um par de botas. Mas tudo bem, nós pacientes continuávamos a nossa vida normalmente.
Hoje o meu irmão já percebe de futebol e até já se assumiu ferranho Benfiquista. Tudo bem.
Eu sou o amor que aprendi a ser pelo verde e branco de listas envolvidas no vento, sempre que arrancávamos da nossa baliza em direção à do adversário.
Hoje, já não entro na paródia do futebol, é impossÃvel explicar à s pessoas, o sentimento, a alegria, o sufoco, a tensão, as lágrimas a meio do jogo sem sentido ainda. É impossÃvel. Como é que se explica a outra pessoa que aprendemos a amor uma camisola pelas cores refletidas no olho de um pai? Como é que se explica que a paixão que se tem no campo, na bancada, nas cores do clube vai além de tudo o que possa ser traduzido em palavras? Como?
O Sporting não é clube que se misture com guerras (salvo pequenas exceções), não é clube antidesportivo. Somos nós, somos equipa, acreditamos no trabalho dos outros tal como vivemos o nosso.
No sábado levantámos a 17ª Taça de Portugal! E eu quase, quase, uma vez mais, me ia deixando morrer com um coração apertado, apertado, apertado. Vencemos, festejámos no estádio com educação.
Seguimos viagem até casa, a mais bonita das casas futebolÃsticas, o nosso Alvalade, e ali festejamos, em unÃssono, em famÃlia, com orgulho, olhos e faces molhadas de um alivio de amor em forma de lágrimas. Não incomodámos ninguém, fomos e somos casa, apenas.
Voltámos a ser Sporting. FamÃlia. E casa.
Parabéns, SPORTING clube de PORTUGAL.
Mas que bela dedicatória ao Sporting =D
ResponderEliminarBeijocas e parabéns