No inicio desta semana assisti a um vídeo num canal brasileiro em que a bloguer era interrogada do porquê de não ir viver com o namorado e sim, continuar a explorar os pais. Fiquei a pensar naquilo… A resposta dela foi agradável "prefiro juntar e comprar meu do que alugar e estragar dinheiro".
Comecei a equacionar possibilidades:
- Se eu sai-se de casa dos pais, a esta data, com o meu vencimento e na zona onde resido, conseguia sustentar-me bem.
Mas é claro que:
- A estar em casa dos pais, consigo sem duvida poupar 3 ou 4 vezes mais, se comparado com o viver sozinha.
Há sempre duas visões possíveis, a boa e a má.
- Se vives com os pais a planear o futuro. Poupar, investir, traçar metas, objetivos e de modo a garantir que um dia tomes conta da tua vida por ti só, e arranques para uma casa tua, BOA, essa é a parte boa.
- Se vives com os pais, tens vencimento, gastas nas tuas coisas, sem ajudar nos consumos domésticos, sem poupar, sem qualquer perspetiva de futuro a solo, BOM, essa é a parte má.
Eu vivo sim, em casa dos pais, já o disse aqui mais que uma vez.
Comecei a poupar de modo sério o ano passado. Este ano tem sido a todo o gás. Olho para o passado e sei que estraguei dinheiro, podia ter mais, mas também sei que:
- Paguei o meu carro sozinha;
- Paguei o meu ultimo ano de faculdade sozinha;
- Entrego todos os meses x € para as contas mensais da casa;
- Pago o meu próprio telemóvel, sem o ter incluído nos pacotes de telecomunicações lá de casa; (e podia tê-lo feito, mas tinha desvantagens, a fatura ia aumentar, e a minha mãe não aceita mais que o valor x€ que entrego e que referi no item acima. Assim sendo ia ser desagradável estar a aumentar uma conta).
- E tudo o que tenho é pago por mim desde o dia em que comecei a trabalhar.
No vídeo que assisti a bloguer usou mesmo o termo "explorar", chocou-me um pouco. Porque sei que a realidade em muitas casas não é a mesma realidade que na minha. Há sim quem explore os pais, e muitos bem perto de mim, ou de ti. Que trabalham, mas não ajudam nas tarefas de casa, não ajudam monetariamente nos gastos com prestações de serviço (eletricidade, água, telefone…) e que muitas das vezes ainda precisam de "ajuda" monetária para ir até ao café com os amigos. Não se enganem, isto existe sim.
A minha mãe usa muito uma frase "poupa, poupa filha, um dia vais agradecer". Esta é a realidade da minha casa.
- O meu primeiro ordenado foi todo entregue à minha mãe. Tinha 14 anos. Trabalhei o verão inteiro e regressei à escola feliz.
A disciplina e a educação pela qual nos regram em pequenos faz de nós os adultos de hoje.
Eu vejo o facto de ainda estar em casa dos pais como uma oportunidade de me expandir em possibilidades futuras. Em poder amealhar tanto quanto possível para investir numa casa (que gostava de construir). Em poder, com a ajuda de todos, definir no que investir, no que comprar, como poupar. Em aprender como gerir a alimentação, as conservas, os congelados. Em me equilibrar enquanto filha e enquanto autónoma o suficiente para virar a casa na arrumação e na confeção de refeições.
Já vivi meses este ano, e olhem que vamos apenas no mês 8, em que deixei de sair à noite com os amigos porque queria muito poupar "y" valor. E em algumas vezes a minha mãe dizia, <mas vai, precisas de dinheiro?>, não fui. Não vou. Porque são metas minhas. E é por nós que devemos aprender, não por desabafos de terceiros. Mas nunca deixei de lhe dar o "x" mensal para a casa, nem nunca deixei de ter "w" disponível na conta, para quando possa comprar qualquer coisa para casa, para todos, fruta, pastelaria…
No fim de semana passado sai, apetecia-me muito comprar uma coisa que estava à venda por 1€, mas estava a acabar de comer algo que me tinha custado 1,70€ e antes tinha bebido algo que me tinha custado 1€. Acabei por não comprar. E olhem que é só 1€! Mas não comprei. Porque assim seriam 1+1.7+1 ao envés de 1.7+1.
Eu sou assim. Comigo.
Com os meus irmãos, saímos e chego-me à frente para ser eu a pagar.
Os sobrinhos pedem e eu dou. Compro.
Em casa é preciso, no outro dia aparece.
Mas sou assim, exigente. Comigo. Porque é a única pessoa com a qual o devo ser.
Explorar?
A mim. A mim exploro, principalmente a capacidade de me reinventar todos os meses e expandir os objetivos.