quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Prata e Ouro.

Daquilo que eu quero mudar!

Juro, isto hoje não é depressivo. É uma mudança e boa. Para mim, e se é bom para mim também o será para os que me rodeiam.
Eu sou amiga de dar, de estar para o outro, de às vezes deixar de viver algo meu para fazer favores a terceiros. Tudo bem, eu gosto. 

À uns dias peguei na minha caixinha do ouro e tirei de lá o meu colar. Tem 3 pendentes, um coração dos pais que veio juntamente com o colar, um pendente oferecido pelas primas no meu crisma, e por ultimo um pingente que comprei eu própria o ano passado. Andei uns 3 dias seguidos com ele, sem o tirar, mas dei-me por vencida, tive de o retirar porque não consigo dormir com nada no pescoço. Tenho pele sensível e qualquer coisa me faz irritação, comichão e fico logo em alarme. Colocar todas as manhãs e retirar todas as noites não é opção.

Quando era criança, pedi, porque pedi e voltei a pedir um colar aos meus pais, todos os meus irmãos tinham menos eu. Todos eles foram presenteados com o ouro pelo padrinhos (colares, medalhas, pulseiras... O típico "enxoval" de primeiras peças de ouro). Menos eu. Na altura não percebia, mas pedia muito para ter o meu.

Lembro-me do dia em que fiz aniversário, talvez 5, e a minha mãe me chamou logo ao acordar para a cama dela, ali deu-me um saquinho pequinino, posso não me lembrar de muita coisa da época, mas desta manhã ...💗. Ainda não tinha aberto o saco e já sabia o que era. Era o meu colar.
Não se descreve a emoção, porque na altura a minha mãe dizia que eu não tinha porque nenhum dos outros irmãos tinha nada oferecido por eles/pais, eu não conseguia perceber. Nunca me senti triste por saber que os meus padrinhos não me ofereceram, isto porque talvez nunca os tenha tido por perto. Tudo bem. Acho que ali, aquela era a primeira lição de que não devemos "depender" de ninguém. Nascemos sós e morremos sós. É só isso.
Quando a minha mãe me ofereceu o colar senti que havia carinho por parte dos meus pais, porque face às dificuldades, eu tinha ali o presente que tanto pedi. Já não me sentia diferente.

À poucos dias falei disso com a minha mãe, sobre a história do colar, ela disse, e talvez já o tenha dito à mais tempo mas não me recordo, que o colar foi comprado quando conseguiu juntar dinheiro suficiente de ofertas de familiares a mim, por épocas festivas, de aniversário ou natal por exemplo. Por isso demorou alguns anos desde o meu nascimento. Tudo bem.

À uns dias fiz uns trabalhos, que até apelidei de part-time 2 (temporário) nas minhas análises financeiras de dezembro e janeiro, e fiz um total de 42,60€, esse dinheiro está lá em casa parado. Disse à minha mãe que só pararia quando tivesse os 60€ porque era para algo muito especifico que já tinha falado "n" vezes lá em casa.

Eu faço anos em Dezembro, é muito fácil que me ofereçam por exemplo, apenas uma prenda. Tudo bem novamente, aprendi a viver com isso. Mas eu tenho consciência que ofereço o que posso e o que não posso, para que se sintam especiais, às vezes esperar algo semelhante do outro lado não tem nada de errado, apesar de a cada dia ter mais a consciência que eu não posso é passar a viver para os outros e deixar os meus planos e os meus gostos. Ofereço porque quero, sempre, sempre! Isso não está em causa, obviamente.

Os 60€ que falo que queria juntar seriam para uma Pandora, a pulseira tradicional. Que mais coisa menos coisa ronda esse valor (acho eu). À uns anos (6) já eu queria esta pulseira, mas comprei-a e ofereci-a à minha irmã, porque também ela falava nela. Passado este tempo todo ainda está em segundo plano para mim.

Não digo que gostava que me a oferecem-se, digo que eu é que sou burra em me limitar tanto. Diálogo interno:

- Mas ****** (leia-se o meu nome, ou imagine-se) não queres juntar 5mil este ano para um carro? 
- Quero!
- E sabes que tens o orçamento apertadíssimo para isso, devaneios como jóias sejam elas quais forem estragam o planos.

Pois...

Em 2018 andava com a ideia de uma pulseira de prata simples com um trevo, porque queria mesmo ter algo comigo associado aquele simbolismo retratado na folha do trevo. Pela época de natal (fim de ano portanto) fui à ourivesaria local (ajudo sempre o mercado local neste tipo de produtos) e escolhi duas medalhas para oferta a sobrinhos, por curiosidade dei uma vista de olhos na montra das pratas, nada dentro do género que queria e pensei "bom, com o gasto no ouro não posso levar agora nada disto" - diga-se o ouro está pela hora da morte de TÃO CARO! a senhora da loja viu-me e questionou se queria alguma coisa, disse-lhe que estava a pensar em algo muito especifico mas que não tinha, a conversa continuou até que ela desencantou uma pulseira fina, delicada e com o trevo a meio da pulseira ao invés de simplesmente em forma de pendente no fecho. Adorei, mas fiz-me ali um pouco de contraditória, afinal a conta já era o que era. Sabemos como as pessoas das vendas conseguem ser persuasivas... Trouxe a pulseira, +35,00€, se não tivesse comprado naquele dia ainda hoje não a teria. Tudo bem... Ou tudo mal. Primeiro os outros, e sempre depois eu. Até quando? 

Somos educados a amar o próximo mas muitas vezes esquecemos de nos amar a nós. 

São só jóias eu sei, e pode tudo parecer fútil aos olhos de quem me lê e suscitar opiniões diferentes. Afinal de contas vivo no limite todos os meses e agora venho para aqui falar que quero passar a comprar jóias que não passam de dinheiro gasto.

São fases... Tenho mil bijutarias, não estou a gostar de usar nada... Além da pulseira pandora, pretendo brincos, outro pingente em ouro especifico (n.º13), e quem sabe o que mais... Agora uso a palavra quero. E quero porque quero. Se eu não sou para mim ninguém é, e na verdade ninguém tem de ser.

E porquê tudo isto agora? Lembram-se da minha sobrinha que amo de paixão e da qual já falei por aqui? Teve uma mana 👶, serei a madrinha e penso já em Março avançar com a compra de pelo menos o colar de ouro com o pingente de padrinhos ou mesmo um trevo, ainda não decidimos, mas depois vemos na loja. O padrinho é meu irmão (já vos disse? a minha família é grande 😊) e vamos fazer as ofertas juntos, compramos e dividimos o valor em partes iguais. Assim podemos dar melhor sem nos prejudicarmos assim tanto em custos. Já no natal assim fizemos. Penso na malha singapura, aquela malha torcida, porque adoro aquele efeito.
(A irmã mais velha também já tem ouro oferecido por mim).

Mais uma vez estou nos outros, no bem dos outros, no agradar aos outros, até que me apercebi que a ida à loja é ideal para olhar ao que gosto e faço ideias de ter para mim.

8 comentários:

  1. Para começar, identifiquei-me imediatamente com a tua primeira frase, pois eu sou igual. Tiro de mim ou coisas que4 quero fazer em prol de terceiros. Mas claro, esses terceiros são família e amigos chegados.

    Depois, percebo bem o que queres dizer e eu também já pensei nisso. Ofereço o que posso e não posso às pessoas e a mim, nada.

    Em relação à pulseira, desde que li uma notícia da Pandora, que ando de pé atrás. Mas o meu marido ofereceu-me uma da Acium.
    Tenta pesquisar. Os pendentes da Pandora também dão nesta.

    Parabéns por seres madrinha e mais uma vez, somos tão parecidas..! =)

    Beijocas

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    1. Olá Cláudia :)

      Uma noticia sobre a Pandora que te deixou de pé atrás? Então, alguma coisa de mal sobre a marca ou jóias?

      Talvez seja tempo de mudarmos não é? beijinho :)

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    2. Sinceramente já não me lembro bem, mas li que partiram uma pecita da Pandora e aquilo era plástico por dentro...
      Mas fui procurar a notícia e não encontrei nada.. =/

      Olha, classificar facturas é coloca-las na conta de gasto, acréscimo ou deferimento correspondente =)

      Beijocas e bom fim-de-semana

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    3. Este comentário foi removido pelo autor.

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    4. Eu vi, mas em relação à TOUS
      https://zap.aeiou.pt/joias-ouro-prata-plastico-tous-ilibada-305104
      https://tvi24.iol.pt/internacional/espanha/justica-espanhola-arquiva-processo-contra-a-tous

      Foi arquivado, não por ser mentira, mas porque foi considerado que em local nenhum a marca tinha publicitado que eram peças maciças.

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  2. Olá!
    Já acompanho o blog há uns tempo, mas ainda não tinha comentado :).
    Revi-me nas tuas palavras. Também eu (que vivo no limite financeiro) deixa de comprar para mim para dar aos outros. Ao contrário de ti dava a familiares que depois falavam mal de mim e só me procuravam quando precisavam de alguma coisa. Hoje em dia, sou muito mais seletiva. Deixei de dar a muitas pessoas. Hoje só dou a familiares muito próximos e que me respeitam, a amigos chegados e, principalmente, não me tenho esquecido de mim. Aprendi, da pior maneira, que há alturas em que devemos ser um bocadinho egoístas. :)

    Parabéns por seres madrinha.
    Beijinhos

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    1. Olá Anónimo, bem-vindo então :) obrigada

      A questão é que tal como tu, eu também só dou a familiares muito próximos, mas por vezes o retorno é como acabas por começar a descrever "falavam mal de mim e só me procuravam quando precisavam"...
      Enfim, é nossa educação sermos simpáticos para os outros, e zelar pelo outro, devíamos sim, ser educados a olhar para nós também e em primeiro lugar.

      Obrigada pelas felicitações de madrinha.
      Beijinho

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  3. Sei bem o que é isso, toda a vida foi sempre não melindrar os outros , mesmo que nós ficássemos mal. O que ganhámos? Um grandíssimo pontapé!
    Enfim… o que me conforta é que nós estamos de consciência tranquila e eles não têm nada a apontar, já nós de eles...

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Poupança de Março

Mais um mês deste calendário de 2024 a terminar, e não fui muito além daquilo a que me propus no inicio do mês a nível de poupança.