Lembro-me, ainda durante o tempo de estudo, passar com os meus pais à frente do edifício onde trabalho e dizer "um dia vou trabalhar aqui". TODA A PALAVRA TEM PODER. Não me lembro do resto da conversa, mas sim, ainda hoje a minha mãe se lembra também de eu ter dito isto. Já se passaram mais de 13 anos à vontade desde esse dia.
E cá estou.
Sou muito feliz no que faço.
Muitas vezes sonho que ainda me falta a cadeira x ou y, provavelmente do trauma da dificuldade. Costumo dizer que se fosse hoje não ia conseguir tirar o curso que tirei. Não é o mais difícil da vida, cada um tem as suas dificuldades dentro da área que ensina, mas confesso mesmo que se tivesse de me formar outra vez, não sei se teria estomago.
Além da formação inicial, mais tarde formei-me também com nível universitário em TSST- Técnica Superior de Segurança no Trabalho.
Faço as duas funções na empresa.
Tivemos um acidente de trabalho... e o trabalho que tem dado, além da preocupação no desenvolvimento do sinistrado, enfim... Ouve dias em que nem dormi.
A brincar em casa às vezes digo "é muita responsabilidade para uma pessoa do meu tamanho", mas... a vida também é isto. As responsabilidades de lidar com o que se gosta.
Não tenho tido grande cabeça para vos escrever, mas tenho feito o esforço praticamente diário porque as vossas partilhas me ajudam a distrair e a sair muitas vezes do automático que tenho andado no último mês.
Fazer o que se gosta é um desafio, aprender todos os dias, e conseguir instruir os que estão à nossa volta também nem sempre é fácil, mas faz parte. Eu no fundo, gosto de dias cheios, mas confesso que este ano vou muito mais cansada para as férias... e bem sei, que não irei descansada. Pois eu faço as férias no período de pausa da creche do meu filho e a empresa para coletivamente duas semanas antes de mim, ou seja, eles retornam ao trabalho e eu não vou cá estar por 2 semanas...
Seja o que for. E que não seja nada de mal. Já chega.
Faz bem teia, vir aqui escrever sobre temas fora as preocupações ajuda bastante. Cada vez estamos mais imersos na vida e é preciso desligar. Ainda ontem aquela noticia do pai que deixou morrer o filho de 2 anos em Espanha dentro do carro, pergunto-me como é possível a vida ter chegado a esta exaustão mental da população.
ResponderEliminarOlá,
EliminarTambém vi essa noticia, e sensibilizou-me bastante porque é a idade do meu filho. Confesso que o 1.º ano sem ele dormir mais que 3h foi bastante difícil, mas nunca me ocorreu poder chegar ao extremo de o "esquecer". São situações muito difíceis de se comentar, coitados daqueles pais, o sofrimento pelo resto da vida...
As palavras têm poder mesmo, por isso é que cada vez menos até em pensamentos me prendo a coisas más. Tenho tentado deixar de me comparar, de dizer coisas más do mundo ou de outras pessoas, de me julgar a mim muitas vezes. O que pensamos atraímos.
ResponderEliminarOlá,
EliminarTambém acho que sim, têm, e acabam por moldar aquilo que acreditamos ser ou não possível...
Brutal. As palavras têm mesmo poder, já pude constatar isso mesmo :)
ResponderEliminarEu também gosto muito do que faço. Pena receber tão mal. Mas fiquei contente, admito, ao ver a dificuldade que têm para me substituir.
Mas, parece que sou como tu... acho que ninguém fará o trabalho tão bem quanto eu e isso está-me a assustar. Serão 4 meses fora...
Beijocas
Vai correr bem, tens de pensar assim e também é por um bem maior, o teu amor pequenino, e o trabalho espera, depois já sabes... ao retornar lá estará acumulado algumas coisas à tua espera.
EliminarMas do mal o menos, que temos para onde voltar. Pelo menos penso sempre assim.
Beijinho
Olá!
ResponderEliminarAinda bem que gostas do que fazes! Eu não acredito muito nessa teoria de que as palavras têm poder, mas isto sou eu, completamente céptica contra tudo e totalmente do contra em relação à maioria das coisas!
Ah ah ah.
Eu não posso dizer que gosto do que faço. Na realidade não gosto, de todo. Tenho mestrado em biologia e é essa área que realmente me apaixona. Mas o emprego em Portugal nessa área é totalmente instável, são bolsas atrás de bolsas de 1 ano ou pouco mais que não dão qualquer segurança ou estabilidade financeira. E a área que me apaixona, a ecologia, implica andar no campo, na lama, na terra, e pela amostra que tive nos 14 meses que fiz a recolher dados para o meu mestrado, é completamente incompatível com uma vida familiar. (eu trabalhei com bichinhos nocturnos, para teres noção fazia trabalho após anoitecer, chegava às 2 da manhã, e depois pelas 6-7 tinha de estar no campo a retirar das armadilhas aqueles que tivessem caído durante a noite para eles não morrerem!
A vida levou-me para outro caminho e não gosto do que faço. Mas adoro a liberdade que me dá. O poder fazer o meu horário, acompanhar os meus filhos a tudo o que for preciso sem ter de dar satisfações a ninguém (e o meu pai, na doença dele, se trabalhasse por conta de outrém não poderia passar tardes inteiras, dias seguidos, com ele no hospital, como fazia). Adoro esta liberdade mas detesto o não ter férias a 100%, não ter uma baixa porque mesmo doente o trabalho tem de ser feito, não poder usufruir de uma licença de maternidade. A responsabilidade que nos pesa todos os dias de não falharmos a ninguém que depende de nós e as nossas obrigações. Às vezes penso em desistir de tudo e arranjar um trabalho das 8-17 mas honestamente acho que não me conseguiria adaptar a ter de perder tantas coisas que posso vivenciar agora. Com todos os prós e contras!
Olá Inês
EliminarTemos sempre os pros e os contras.
Essa liberdade que fala acredito que consiga ajudar muito na escolha de manter essa vida. Porque lá está, independentemente de tudo o trabalho tem de ser feito, e consegues fazê-lo a qualquer hora, caso precises de 2h à tarde por exemplo, para acompanhar um filho ao médico... nós é um stress, embora os nossos patrões até sejam compreensivos, a mim custa-me horrores andar a pedir dias ou meio dias, mesmo tendo direito, parecem favores.
As obrigações são muitas, acredito, mas pelo menos é sobre as vossas decisões e isso também ajuda a ir pra frente.
Beijinho Inês
Sim, sem dúvida. Foi algo com que me debati em muitas ocasiões porque em alturas de menor trabalho ou algum stress com clientes é mesmo muito desgastante e nunca dá para desligar. Tivemos uns malucos a ameaçar levar-nos a tribunal por coisas sem nexo nenhum e nós mesmo sem termos nada a temer, é algo que mexe contigo e que até chega a tirar o sono. Tenho muitos problemas de ansiedade e acho que em parte se devem ao trabalho, bem como aos vários traumas de infância. Mesmo assim, pesando tudo, acho que prefiro manter-me assim, porque, olha, felizmente não tenho que ir muitas vezes a médicos, mas saber que o posso fazer o que preciso, quando preciso, para mim, não tem preço.
EliminarTer podido acompanhar o meu pai como acompanhei, era totalmente impossível se não trabalhasse por conta própria, e isso é das coisas que mais me tranquiliza, porque ele gritava pelas filhas o tempo todo, e seria impossível passar o tempo que passei com ele se não tivesse esta liberdade. Obviamente que "me saiu do corpo" porque lá está, o meu trabalho ninguém o faz por mim, e tinha de compensar fora de horas. São escolhas... Esta por enquanto vai sendo a minha.
Então vais estar duas semanas sozinha na empresa? aproveita para descansar e passear bastante nas férias porque já sabes que ao regressares vais ter muito trabalho acumulado.
ResponderEliminarOlá Marisa,
EliminarSim, fico 2 semanas sozinha, felizmente o meu patrão permite-me para fazer as férias com o meu pequeno. Como trabalho muito com processos camarários, finanças, conservatória.. acabo por dar despacho a pendências dessas.
Beijinho