terça-feira, 12 de novembro de 2024

A Sentença

Há uma semana atrás eu e o namorado vimos um episódio de "A sentença", programa televisivo da TVI, com o intuito de debate de casos possíveis em tribunal, com a verdadeira aplicação da lei e o resultado da mesma.

Bom... nós gostamos de ver o programa e sempre que vamos jantar p.e., ou ao fim de semana após almoço, lá vamos nós ao menu de gravações e vamos buscar episódios que ainda não vimos.

Foi então, que vimos um episódio de um casal jovem (como nós) que casaram e começaram a viver juntos numa casa alugada, mas que chegaram ao consenso de querer uma casa própria (como nós) e estipularam um prazo para o conseguir, sendo de 10 anos.

Detalhe 1: tudo o que conseguiam poupar ia para uma poupança conjunta, já com 6 anos, com bastante dinheiro já, segundo eles, e quase a fazer os 10 anos de objetivo e iam, àquele ritmo, realmente conseguir comprar uma casa a pronto.

Detalhe 2: Foi ela que o levou a tribunal, exigindo que o valor da poupança fosse dividido e cada um fizesse a gestão da sua parte, e ao final dos 10 anos (que já só faltavam 4), juntavam o que houvesse e aí sim compravam a casa.

Isto porque:

- Ela trabalha mas não tem acesso ao ordenado; Vai direto à conta conjunta e assim que o ordenado entrava ele aplicava grande parte dos ganhos deles logo na poupança e viviam com o resto;

- O resto era apenas aluguer e contas;

- Ela não ia ao cabeleireiro, não comprava roupas, não pintava as unhas, e se queria ir beber café com alguma amiga tinha de lhe pedir dinheiro a ele. Sim, isso, pedir dinheiro do ordenado dela.


Bom, só a titulo de curiosidade, se a tiverem, o tribunal não lhe deu razão a ela, visto que eram casados não os podiam obrigar a dividir as poupanças, no entanto, ela tinha todo o direito de passar a gerir o seu ordenado como bem entendesse. 


Eu fiquei muito parva com este caso. Sei que são casos que são "teatro" e que servem só para nos mostrar a aplicabilidade da lei em casos que são possíveis acontecer, mas:

- contas conjuntas, concordo totalmente com quem tenha

- terem propósitos conjuntos, OBVIO, se são casal é como tem de ser

- um deles poder canalizar as poupanças e estar mais dentro do assunto que o outro, até é ok, ela mesmo dizia que ele percebia mais do assunto e a mantinha sempre ocorrente dos valores já alcançados

- ela dizer que tem o cabelo espigado e quer ir cortar e ele responder "gosto de ti assim" que não precisa de gastar dinheiro no corte - NÃO

- ela sair com alguma amiga para um simples café e precisar pedir 10€, dito por ambos - NÃO

- ele gerir totalmente o dinheiro dela, até ao cêntimo - NÃO!


Obviamente aquele casamento estava desgastado já pela pressão de 6 anos a viver assim, num piloto automático de casa-trabalho / trabalho-casa e só se gastava com contas fixas e obrigatórias. Achei interessante muitas das coisas que se debateram. É por isso que acho importante que nos vamos testando a abdicar de a e b com peso e medida, ou por tempos menores, como 3/6 meses.

O lazer é importante, o nosso cuidado é importante, os nossos são importantes... Aff tanta coisa mal para debater ao pegar neste caso...


Mais alguém viu?


18 comentários:

  1. ola´

    Nunca vi o programa!
    Na nossa dinâmica familiar sempre funcionou termos contas separadas.. e confesso que não tinha sanidade de dar satisfações do dinheiro que gasto com um café... Acredito que cada casal deva fazer conforme lhe for mais confortável e funcional e encontrar o equilíbrio dos dois.
    Tenho amigas que dizem que essa dinâmica lhes é confortavel mas depois andam smp a esconder o que compram aos marids/namorados..
    enfim dilemas...

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    1. Nós por cá também usamos cada um a sua conta, eu por acaso até faço parte da dele como segunda titular, porque ele fechou a dele no antigo banco e abriu no meu, ele é que não quis entrar na minha na altura e ficámos assim.

      Claro que o extrato dele aparece na minha app, e claro que sempre que por ventura estou a ver o meu extrato ou a fazer alguma coisa na conta ele também pode ver. Nesse sentido não temos segredos um para o outro e nem fazia sentido.
      Mas também não teria sanidade para andar a pedir 10€ para ir beber um café com uma amiga.... isso para mim é até perturbador.

      Mas cada um, como cada qual, mas fiquei pensativa nesse caso e em como é absurdo determinadas coisas, aos dias de hoje.

      Beijinho, bom dia

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  2. Não vi esse programa mas, confesso, que também gosto de ver a "Sentença". Entre um casal tudo o que for exagerado enjoa e cansa. Tudo tem de ter um meio-termo e um diálogo apropriado.
    Colocar "algemas" que prendam a vontade de um ou outro, regra geral, dá errado. Liberdade e respeito devem existir sempre na medida certa.
    ,
    Saudações cordiais e poéticas
    .

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    1. Olá Ricardo,
      Concordo consigo, tudo o que é a mais e até de menos, acabe sim por levar os relacionamentos a falhar.

      Tudo na medida certa sim, e muito respeito mutuo.
      Cumprimentos e um dia bom :)

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  3. Olá,
    Nunca tive conta conjunta, tive uma em que a minha mãe podia mexer (e ja era casada). Depois que fechei essa conta fiquei "sozinha". A minha mãe nunca teve ordenado e de vez em quando ouvia um "eu é que ganho, eu é que decido" e eu não quero isso para mim.
    Confio no meu marido mas sei que ele é mais picuinhas com o dinheiro, e evitamos discussões sem sentido. Assim compro o que quero e quando quero (não que gaste muito). Se me apetecer ir com os miúdos ao MAC vou, sem dar satisfações.
    Neste momento estamos para comprar um carro e será pago a meias (ganhamos o mesmo). Fora isso vai a olho. Há contas fixas minhas, outras dele. Nem sabemos se é uma divisão justa, mas funciona.
    Agora ter de pedir autorização para ir ao cabeleireiro cortar o cabelo??? Ridículo!
    Bjs, SM

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    1. Olá SM,
      Tal e qual, também penso assim, só diferenciamos que nas contas obrigatórias pagamos mesmo a meias, mas também recebemos praticamente o mesmo, então é justo.

      O namorado por acaso também comentou isso na altura que estávamos a ver "ela quer cortar o cabelo porque está espigado e ele diz que gosta de a ver assim, mas ela não, e ela é que importa aos olhos dela"... e lá está, temos de nos sentir bem conosco mesmos e também acho ridículo aos dias de hoje chegar a esse cúmulo, e pior, que ela trabalha e ganha do dela.

      Enfim...

      Beijinho SM

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    2. O "amor" é tão "bonito". (contém sarcasmo). Provavelmente é ficção, mas ela que aproveite o juiz e peça o divórcio. E que abra os olhos a outros casais.
      Nem imagino se ela quisesse pintar o cabelo, fazer as unhas ou inscrever-se num ginásio. Daqui a nada conta os grãos de arroz que ela come.
      Tive um ex-namorado que era o inverso. Dizia-me que, nem que pedisse um empréstimo, mas eu não podia ter cabelos brancos. LOL, o cabelo é meu, eu decido. Não resultou.
      Sou das que limpa a conta à ordem para fazer números redondos na poupança, mas não tenho problema em ir buscá-lo (este mês tive de ir). Posso pensar duas vezes antes de fazer determinada despesa, mas a falta de dinheiro (tendo dinheiro) não é usada como desculpa.
      Bjs,
      SM

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    3. Olá SM,
      Na verdade ela não poderia fazer nada disso... porque o dinheiro era mesmo todo canalizado para o fim de poupança, com o objetivo da casa.
      Eu falei aqui no café com as amigas e no cabelo como dois exemplos, mas ela deu bem mais exemplos de coisas que "não podia fazer".

      Lá está, acho que nem a mais nem de menos, porque chega a um ponto que cansa mesmo, e a rotura é inevitável.

      Também sou assim, gosto sempre de ir atrás de números redondos, mas se precisar do dinheiro e tiver de o ir buscar vou, afinal também é para isso que o junto. Ainda em 2022 tive uma despesa grande no carro, e a minha sorte foi ter esse dinheiro.

      Beijinho SM

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  4. Bem. Dá pano para mangas mesmo. Eu e o meu marido temos conta conjunta desde ainda antes de casarmos. Eu tenho uma só minha e ele tem uma só dele mas os nossos rendimentos entram na conjunta. Aqui a questão é que até sou eu que giro o dinheiro. Sou eu que pago as contas e ele na maioria dos meses nem faz ideia quanto se pagou disto ou daquilo. Confia em mim. Também trabalhamos juntos, por conta própria. Somos sócios na vida e no trabalho. Trabalhamos em conjunto para atingir os nossos objectivos e pagarmos as nossas coisas. Sabemos que se alguma coisa correr mal na vida pessoal ou na empresa somos os dois chamados a assumir. Agora, também sou eu que canalizo o dinheiro para poupanças e tenho o objectivo de amortizar o crédito habitação mais cedo, mas nunca o obrigaria a pedir-me dinheiro para isto ou para aquilo. Obviamente que não fazemos compras grandes a título pessoal sem consultar o outro. Consideramos que o que temos é dos dois. Mas para um corte de cabelo? Ou um par de sapatos? Por amor de deus. Nem eu lhe dou explicações se precisar de comprar, nem ele a mim. A senhora desse caso pode não ter tido razão em tribunal mas se metade da poupança é dela, certamente terá o nome na conta e poderá a qualquer momento ir ao banco e levantar a parte dela. Se quisesse até conseguia levantar tudo, imagino eu. Mas pronto. Quando as situações são levadas ao extremo normalmente o resultado nunca é positivo.

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    1. Obrigada por este comentário Inês, muito necessário.
      Pois está a mostrar o outro lado, o de quem tem sim contas em conjunto, e lá está a Inês é responsável pela maior parte de gestão/pagamentos de contas, mas se o marido precisar de um lanche pode fazê-lo... e acho que isso é realmente o normal e o aceitável, até porque se trata de um relacionamento. Temos de ter esse a vontade e confiança. Nós por cá, apesar de termos contas separadas, se houver a intenção de uma grande compra também falamos sempre um com o outro, aliás, não temos mesmo segredos em relação ao dinheiro honestamente e nem devem haver.

      Sim, o tribunal não lhe deu razão na questão de divisão da poupança porque estão "ainda" casados e a poupança é dos dois, então como casal não pode obrigar à sua divisão, obvio que numa separação o dinheiro seria separado, mas como estavam ali como casados, o tribunal não tem poder de obrigar a separar.

      Beijinho Inês

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    2. Eu sei que há pessoas completamente obcecadas com dinheiro e poupança e na minha opinião vivem para trabalhar e não aproveitam nada a vida. Mas são opções. Eu não conseguia viver assim, obviamente que é preciso poupar mas viver apenas para trabalhar não é para mim. Esse senhor deve ser uma dessas pessoas.
      Quanto à poupança é mesmo como eu disse, a menos que a senhora tenha permitido que o dinheiro fosse para uma conta só dele, a senhora tem todo o direito de tirar metade do valor para gerir como bem entender.

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    3. Exatamente, nem 8 nem 80, este tipo de limites só os vai levar à separação, um limita mesmo muito o outro

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  5. Sim, tenho essa ideia, eu até pensava que aquilo era real, mas não, já noticiaram isso até.
    São casos que realmente podem acontecer na vida real e/ou já aconteceram, mas são ensaiados e debatidos para que se possa ver apenas como a lei atuaria nesses casos.

    Essa parte, a da aplicabilidade da lei, é real.

    Nós também temos separado, até as poupanças também e nisso tens razão, é injusto ter de separar o que só um poupa, injusto e sem sentido nenhum, em caso de separação de casal.

    Cada casal entende o melhor para si, e importa é funcionar, trouxe aqui "este caso", porque por acaso para mim foi mesmo um choque entender que possa haver pessoas nestas condições, trabalham mas são inibidas de ter acesso ao seu dinheiro.

    Enfim...
    Beijinho Cláudia

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  6. Peço desculpa por me intrometer mas a questão é que sendo casados, se o regime for comunhão de adquiridos, em caso de divórcio quem não poupa nada tem direito a metade daquilo que o outro poupou. Só não entram na divisão valores que se consiga provar que já se tinham antes do casamento e valores que provenham por exemplo, de herança. Ou seja, mesmo com contas separadas a pessoa pode ser obrigada a dividir o que poupou sozinha.

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  7. Sim, isso é verdade Inês, na comunhão de adquiridos o que é conquistado por um, é pelos dois. Tudo o que seja acumulado após o casamento é de ambos. Isso é verdade sim.

    Infelizmente vejo muita gente a ficar bem depois de anos de trabalho árduo do outro :(

    A teia dos 20 mais x

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  8. @Inês, eu sei.
    Casei com separação de bens :)

    Cláudia - eutambemtenhoumblog

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  9. Eu casei com comunhão de adquiridos e cada um tem a sua conta porque eu sempre trabalhei por conta de outrém e ele sempre trabalhou por conta própria, logo não teria lógica eu andar a trabalhar para comprar máquinas/ferramentas, etc que são para uso dele. Há várias despesas que estão divididas, tipo supermercado, estudos, vestuário, etc é comigo, água, luz, telemóveis, e prestação do empréstimo é com ele até porque está tudo em nome dele (o empréstimo foi pedido enquanto era solteiro), fazemos assim há 22 anos e não faço tensão de mudar....das 3 vezes que estive desempregada não se alterou nada, até porque as minhas poupanças são minhas e para essas situações e as dele para quando quer comprar mais alguma máquina ou abater no empréstimo dele. Quando é necessário comprar algo mais caro falamos, por exemplo a playstation e o portátil do meu filho foram compradas a meias, mas por exemplo uma tv para o filho paguei eu, outra para a cozinha (a que existia avariou e eu não gosto nada de ter tv na cozinha) pagou ele.

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    1. Olá Marisa, todas as dinâmicas são válidas, se funciona assim à 22 anos, é manter sim, e acredito que se um precisar do outro, lá estarão um para o outro. É isso uma união/casamento.

      Beijinho Marisa, obrigada pelas suas partilhas, é sempre muito bom ver outras realidades

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